quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

O que faltava (ou não) mencionar acerca de 2013

Voltei a ser bolsista e estou economizando dinheiro pra tocar minha vida pra outro canto assim que me formar, basicamente tudo que eu penso agora é isso, me formar, me formar e me formar pra ir embora. Ando jogando na loteria os mesmos números pelo menos uma vez por semana, esse têm sido meu plano B ever. 

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Madrugada (02)

Na rotatividade em que vivo o quarto não é constante. De dentro do quarto percebo se é dia ou noite com um empurrar mecânico gravado na rotina. De cima da cama de dentro do quarto ergo meu braço e exerço uma força sobre a portinhola. O quarto se invade de luz, sei que é dia. Junto da luz uma brisa e de dentro do quarto eu respiro aliviado. Eu tiro minha roupa e deito sobre os lençóis limpos. Mas o quarto não é perfeito. A noite quando eu e o quarto estamos a sós eu durmo. A porta do quarto cultivada agora aberta me acorda no meio da noite. Ouço sons, barulhos como se algo lá dentro se movesse. Encaro a porta com medo e intrigado com o que eventualmente poderá sair lá de dentro. Nada sai de dentro da porta, levanto da cama e procuro por brechas. Não as encontro, volto pra cama e o barulho para. Mas sei que o bicho continua ali. Sono, vultos, sons vindos do outro lado da galáxia. Manifestações.

sábado, 17 de agosto de 2013

Amor além mar

Há exatos 341 dias vim pra Lisboa, hoje estou há um dia de distância do Brasil. Tudo agora tem um ar de despedida, tive duas noites de insônia essa semana e não paro de comer. Os efeitos da ansiedade. As malas já estão quase prontas. Sobraram poucos euros. 

Faço uma viagem no tempo. Eu conheci Madrid no último outono. Tive minhas aventuras na chueca. No inverno fiz meu primeiro mochilão. Conheci Barcelona e o império deixado por Gaudí. Tentei um banho de mar no mediterrâneo, mas a água estava geladíssima. Segui pra Berlin em busca do sonho de passar o natal construindo bonecos de neve. Não nevou no natal, mas tudo bem, brincamos com a neve do dia anterior que sobrou no estacionamento.

Estive no muro de Berlin. Andei de bicicleta em Amsterdam e fiz minha visitinha no famoso Bulldog. Vi as meninas da Red Light Street antes de partir pra Londres. Entre tantos aeroportos seria um absurdo não passar por nenhum sufoco dentro de algum avião e foi o que aconteceu com duas tentativas falhas de pouso. Perdemos um dia em Londres em função desse contratempo. Sai, felizmente, vivo.

A virada do ano foi na London Eye lotada e com uma energia incrivel. Tinha os meninos fantasiados de tigrão. Os fogos de artificio mais incriveis. Dia seguinte assistimos a parada do ano novo, um desfile lindo. Em Londres visitei a casa da Amy Winehouse, passei pela Abbey Road e reproduzi os Beatles atravessando a faixa de pedestres. Foi em Londres que minha câmera foi levada pelo argentino que eu dividia o quarto no hostel, e foi em Londres também que perdi o voo pra Paris que acabei conhecendo recentemente.

Conhecer Paris no verão foi incrível. Amanheci bêbado em frente ao Pompidou correndo louco atrás dos pombos. Realizei o sonho de conhecer a Grécia logo depois, Atenas e suas ruínas. Mykonos e suas praias incríveis. 

Cheguei ao fim da viagem. Agora é hora de voltar a tudo que eu deixei, estou há um dia de distância do Brasil. Quero engolir Lisboa e ser engolido pela cidade. Faltam poucas casas nesse campo minado. Fica a promessa da volta e o idealismo de um novo começo. Novos objetivos.

domingo, 11 de agosto de 2013

Bairro Alto

O bairro tem dessas de se estar andando e então encontrar alguém de outro canto do mundo. Um encontro improvável de estranhos que nunca mais se repetirá com as mesmas pessoas. Bêbadas, transloucadas, seguras para manter uma conversa. De onde vocês são? Norte americanas falando espanhol, abusamos do inglês. Vocês são tão lindos, obrigado. Agora conte-nos sobre São Francisco. Se você pedir um café te julgam careta e andam de nariz um pouco em pé, preferimos Washington. As pessoas são maravilhosas e a vida noturna é muito animada. Uma pausa para uma foto, ela tinha essa obsessão. 


sábado, 10 de agosto de 2013

Sensação de calor


I. O contexto

A sexta-feira a noite sai
tênis, short de vagabunda, camiseta, jaqueta jeans, garrafa de cerveja

II. O personagem

Paro, bebo, anda, rebola
Atravessa a rua, encara, pisca o olho e rebola

III. O casal

Cruzo o casal, fita-me as pernas
sorrio e sigo

IV. A moça

A carteira de cigarros cai
abaixo, pego, entrego, agradece
o molho de chaves na mão
não há de quê, sorrio 
me despeço

V. O táxi

Desço a ladeira, subo a ladeira
paro no sinal e digo não
ao taxista

VI. Os homens

Um carro escuro
o motorista e mais quatro
dentro cabem cinco e algumas piadas

VII. O fim

A garrafa vazia, mijo, joga fora
O bar fechado.

VIII. O começo

vamos a outro
entro, peço, entrega, pago e sai
encosta na parede

Entro na festa,
drinks e espuma, bebo
e afundamos juntos
sobretudo limpos.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Madrugada

De dentro do quarto que eu não sei se é dia ou noite eu penso. Eu martelo a mesma ideia. Eu acredito no amor. Embora ninguém me ame. De dentro do quarto onde eu não sei se é dia ou noite eu me perco. Eu me encontro. Eu sinto fome. Eu olho pro teto. Estou encurralado dentro do quarto e não sei se é dia ou noite então pergunto ao relógio sem dizer uma palavra. Meus olhos apenas se deslocam. Passeio pelas quatro paredes. Tenho uma epifania, duas, três vezes seguidas. De dentro do quarto que eu não sei se é dia ou noite eu amanheço o dia. Eu não vejo o sol nascer. Dentro do quarto onde eu não sei se é dia ou noite não existem janelas. Só as que crio com as dúvidas que me assombram. O quarto é repleto de fantasmas e é repleto de mim. Só há espaço para mim dentro do quarto. O dia ou a noite não cabem aqui em meio a minhas dúvidas. Tudo aqui dentro é incerto. O tempo passa mas não existe dentro do quarto. Dia e noite são sempre iguais. O quarto está sempre escuro e a luz sobre a escrivaninha.  Acesa. Eu não durmo, estou sempre acordado. Dia e noite não existe. Existe o quarto comigo dentro. E o silêncio. O silêncio. De dentro do quarto que eu não sei se é dia ou noite é sempre calmo e assustador. Todas as respostas e questões estão dentro do quarto, mas daqui de dentro não se sabe se é dia ou noite. Como pode o quarto saber tanta coisa e ao mesmo tempo não saber de nada? Eu existo dentro do quarto. O quarto está contido dentro de mim, o quarto é uma extensão de mim. Eu sou o quarto. O quarto tem uma porta, mas eu não a abro. Fora do quarto tudo se esparrama. Eu esparramo pra fora do quarto. Mas não é seguro. Só dentro do quarto onde não se sabe se é dia ou noite eu não escapo.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Comentando Podcast dos Lenhadores sobre Relativismo Biblico

Minha definição de deus é bem próxima da definição de uma grande interrogação, acredito que deus foi  criado pra justificar tudo aquilo que o homem não conseguia responder. Não saberia dizer o que deus vê quando me olha porque o conceito do que é deus pra mim não está bem formado. Mas se deus é a nossa imagem e semelhança posso tomar deus como tudo e todos e dispensar a existência de uma entidade física.

A questão do Relativismo bíblico é muito interessante. Poucas pessoas sabem separar a mensagem do primeiro amor das tentativas de controle social. Discordo inclusive da seleção que resultou na bíblia pelas mensagens de ódio e preconceito que alguns livros carregam porque apesar de se argumentar que aquilo foi fruto de inspiração divina vê-se claramente que alguns dos escritores se deixavam levar por convicções que ao meu ver não são coerentes com o conceito de deus.

Atualmente tenho considerado as investidas de igrejas protestantes muito vazias da mensagem deixada por Cristo. Arrisco afirmar que essas igrejas têm cometido erros semelhantes aos cometidos pela igreja católica na idade média. Igreja católica, aliás que vem ganhando mais meu respeito após grandes declarações do novo Papa (o Jesuíta Francisco). Um dia desses o Papa foi um fiel porta-voz de Cristo ao reconhecer que a salvação não dependia da religião, mas da conduta como ser humano de cada um.

E essa corrida em construção de templos cada vez maiores junto a obsessão em manter as pessoas dentro daquelas paredes? Eu encaro missionários que saem pelo mundo muito mais de acordo com o exemplo de Cristo do que os pastores preocupados em angariar fiéis cobiçando templos maiores. A ideia de associar a salvação a frequência assídua nos templos é uma ideia furada.

Se é pra existir igrejas que esses sejam espaços de discussão e aprendizado no formato de escola bíblica, onde a proximidade e participação das pessoas é maior e há oportunidade de interferência. O púlpito confere ao pastor uma santidade que só convém a deus, o temor das pessoas não convém à aquele sujeito. Sou bastante favorável a quebra do atual sistema das igrejas.

Link para o Podcast: Relativismo Biblico

sexta-feira, 31 de maio de 2013

O dia em que eu respondi o Questionário de Proust


Minha maior qualidade é essa predisposição que tenho em perdoar. Meu maior defeito é ser possessivo com as pessoas. A característica mais importante em um homem ou em uma mulher é seu caráter. O que mais aprecio nos meus amigos é a criança interior deles e a atenção que elas me dão. Minha atividade favorita é fotografar. A felicidade pra mim é amar alguém que também me ame, sem que nunca tenhamos que nos deixar (e ter dinheiro e saúde para isso). A maior das tragédias seria morrer jovem demais. Se eu não fosse eu mesmo, gostava de ser algum tipo de artista. Eu gostaria de viver onde eu pudesse dar as mãos e beijar sem ter que olhar antes para os lados ou para trás. Minha cor favorita é o vermelho. Gosto dos girassóis e do bem-te-vi. Meu autor preferido é o Caio Fernando, poeta é o Cazuza. Herói de ficção é o homem-aranha, não tenho nenhuma heroína favorita. Minha compositora favorita é a Clarice Falcão. Os pintores que mais curto são os anônimos, os de rua mesmo. Meus heróis e heroínas reais são todos que não se deixam levar por fundamentalismos, privam pela liberdade e pelo amor. Minha palavra favorita é vamos. O que mais detesto é ser julgado. Os personagens históricos que mais desprezo são Anita Bryant, Hitler e Constantino (a lista cresce). Gostaria de ter a mesma capacidade que a natureza tem em dar um jeito nas coisas de forma que tudo se encaixe perfeitamente no final. Eu não gostaria de morrer, mas quando a morte vier espero que ela seja indolor e que eu não esteja só. Meu atual estado de espirito esta repleto de incertezas sobre o futuro. O defeito mais fácil de perdoar é um que eu também tenha. Acredito que estamos verdadeiramente livres quando não temos mais nada a perder. Então é isso.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Casa Limpa (06)


Sonho com você durante as noites, várias vezes seguidas, situações do cotidiano. Acordo detestando o fato de ter sido apenas um sonho e não um final feliz. 

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Casa Limpa (05)


É sempre alto o preço do entregar-se ao outro. Andarei nos parafios de mãos atadas direita com a esquerda. A conquista feita em parcelas é saudável, o perigo reside em deixar-se levar pelo direito a posse ao ponto de por de lado as flores e os chocolates.O amor que nos coloca em nosso lugar de cachorro. Cabe a mim as consequencias das feridas que quem veio antes deixou, me vejo condenado a lidar com elas. O que está feito já se foi, a casa está suja. Tá todo mundo quebrado, todo mundo veio com defeito.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Astrologia, mitologia, antroponimia, hedonismo e o que isso tem a ver comigo


Comemoro anos no dia três de fevereiro desde que arreganhei as pernas de minha mãe e disse olá mundo em meio a gritos chamados choro de criança. Três de fevereiro é exatamente um dia depois do aniversário de Iemanjá, mãe cujos filhos são peixes. Eu e Iemanjá temos tudo a ver com peixes e mar porque somos aquarianos, embora eu nunca tenha ouvido ninguém falar 
"Muitos dizem que Aquário é Ganimedes, um rapaz muito belo que Zeus levou para o Olimpo, para se tornar o garçom dos deuses; por este motivo, ele é mostrado carregando uma urna que derrama água"[Higino, Astronomica, XXIX, Aquário ou O que serve água]
Segundo a mitologia grega, Ganimedes era um principe de Tróia que foi visto por Zeus enquanto cuidava do rebanho do pai e foi raptado pelo deus grego em forma de águia que o possuiu em pleno vôo (ui!) e o levou ao olimpo para servir a bebida da imortalidade aos deuses. Pra homenagear o gatinho...digo Ganimedes, Zeus o colocou na constelação de aquário.

O nome Marcus é uma forma abreviada do original em latim Marticus e significa "consagrado a Marte". Para Roma Marte é o deus da guerra e na mitologia grega é o equivalente a Ares. A ligação entre Marte e o signo de aquário resulta da rixa que Marte tinha com sua irmã Minerva que fez com que cada um defendesse um lado dos exércitos junto as muralhas de Tróia. Nesse embate Marte era o protetor dos troianos, portanto de Ganimedes.

Marte tinha o amor da deusa Vênus e com ela teve um filho, o Cupido. O Cupido, também chamado de Amor, era o deus romano equivalente ao deus grego Eros. Eros casou-se com Psiquê e tiveram uma filha chamada Hedonê, cujo nome por sua vez significa prazer e que é nada mais que a minha filosofia de vida, o hedonismo.

O hedonismo é uma doutrina que defende que o prazer é o meio correto para atingir o objetivo supremo do homem, a saber, a felicidade; felicidade esta que tem como essência precisamente o prazer. A moral, para o hedonista, deve ser ordenada segundo o modelo que é dado pela busca do prazer, quer dizer, é considerado moral tudo aquilo que dê prazer e imoral tudo o que faça sofrer. Esta doutrina resulta da observação de que todos os seres buscam o prazer e tentam escapar ao sofrimento.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

A Reencarnação de Sarai


Carlos e Júlia eram casados há sete anos e a esterilidade de Julia condenou o casal a um lar sem filhos. Fato que fazia com que todo sabado de lua cheia Carlos soprasse no ouvido de Julia a idéia da adoção. Julia rejeitava, passou a ir a igreja para pedir a deus de volta o que ele havia lhe roubado. Mas o útero de Julia era podre, infestado de vermes que se alimentavam do esperma de Carlos e criança nenhuma havia de crescer ali. Júlia nutria uma fé infudada de ser mãe e pouco a pouco se afundava em sua obcessão. 

Precisava deslocar a culpa que caia sobre sua cabeça para o Carlos e danou a trair o marido de forma a tentar com todos os paus da cidade uma semente que germinasse. Os homens gozavam litros dentro de Julia e nada crescia dentro dela. O desespero em vomitar uma criança de suas ancas fazia com que Julia não negasse sua boceta uma vez sequer. A mulher imaginava uma criança diferente para cada homem que lhe visitava, ao ponto de ter sido mãe de várias crianças que jamais cresceram ou mesmo existiram. Julia chorava não pela dor da menstruação, mas por ser essa uma prova de que continuava seca. 

Sua loucura mantinha viva uma esperança que provou merecer ser preservada quando Carlos viu a barriga da mulher crescer durante cinco meses e não mais que isso. Nesses dias Julia sofreu um aborto enquanto caminhava nas ruas e expulsou de dentro dela uma criança morta. Em desespero e negação tentava empurrar a todo custo aquilo de volta para si. Chorava no chão com as mãos ensanguentadas a dor de ser amaldiçoada enquanto a multidão se amontoava em volta e fotografava com seus telemóveis o ápice da sua desgraça.  

domingo, 20 de janeiro de 2013


Eu iria contar como me derreto com aquele sorriso, mas estou decidido a parar de contar essas coisas de amantes senão toda a gente vai pensar que estou apaixonado. Não que eu não esteja, mas não preciso que todos saibam disso. Mulher que é assim de ficar rabiscando o nome do namorado na cabeceira do caderno. Homem não faz essas coisas. É duro e não doce, salvo quando está a meter-se na boca de alguma rapariga ou rapaz que nasceu com o bixo dentro de si.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Casa Limpa (04)


Todas as coisas têm um outro lado com a mesma intensidade. Se ontem sentia que iria explodir de insegurança, hoje eu me sinto nas mãos de deus como diriam os crentes. É uma mistura de antônimos que borbulham no estomago. Um sal de frutas não resolveria. Deixei morrer os anticorpos que eu tinha pra pessoas ou eles não o julgaram como um corpo estranho. Tenho andado em parafios.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Casa Limpa (03)


Tenho cá esse aperto que vem e mastiga alguma coisa dentro de mim e eu me contorço em dúvidas porque os detalhes é que decidem o meu humor. A paixão que evito chamar de amor pela recência dos fatos me completa e me desmancha. Tomado por neuroses ameaço deitar o corpo da janela do segundo andar porque pontes ainda me metem medo e é ai que ele vem e me puxa de volta com a intenção de um beijo. Eu ando pelos parafios com os braços esticados vinte e quatro horas por dia. A insegurança da reciprocidade graças ao que anda na boca de todos - sobre gostar só de quem não gosta da gente e eu gostar desse cara.