sábado, 18 de agosto de 2012

Ato 15: Uma cama, uma porta e um pouco de paz

Fecho a porta do quarto para não sentir tristeza. Impeço o vento e me agarro a algo que encontre. Ela não me assusta, mas tenho medo de voltar para aquela casa. Preciso de uma porta para fechar mesmo que o inverno tenha acabado. Eu não quero encontrar ninguém quando atravessar o corredor até o banheiro. Eu estou irritado e não posso voltar a ficar naquele lugar cercado por aquelas pessoas que queriam o meu sangue na mesa. Eles precisam sair, me deixar com alguma paz e sem lágrimas. Cruzarei o oceano voando e seguirei inconsciente até lá. Preciso de uma cama para dormir por alguns dias, depois eu quero ir embora pela janela e não esbarrar em ninguém. Com algum dinheiro no bolso e pouco juízo na cabeça. Meus ouvidos estão calados, agora mete a tua língua.


domingo, 12 de agosto de 2012

Ato 14: Pelo novo

Você acorda e olha para os lados, pergunta se isso é onde você tem dormido. Quero quebrar todos os móveis, jogar meu guarda-roupa fora com as coisas que tem dentro. Você odeia esse lugar e o que tem nele. Nada se parece com o que você queria e aquela mesa que tanto amava já não se encaixa no canto do quarto. Estou sendo engolido por trapos enquanto tento me proteger do frio. Você pode mudar os móveis de lugar e esconder o que odeia, mas tudo continuara sendo o que é. Quero tocar fogo e ver queimar antes que amanheça novamente. Eu tenho pressa e não quero esperar aqui.


sábado, 4 de agosto de 2012

Ato 13: Sem amém ou beijo antes de desligar

Eu poderia lamentar que o teu deus não atendeu suas orações, mas comemoro. O que pra você é dor só justifica o que tanto repeti e dessa forma me sinto bem sabendo que o tempo tem mostrado que eram certas as minhas palavras. Não me dói mais como antes tua voz do outro lado da linha. Seu tom de desespero apenas me relembra que não devo ter muita esperança e chego próximo ao ponto em que comecei. Não ter nada o que perder, não se angustiar por nada a chegar. Porque se não espero, não sofro. Aceito que essa é a verdade da nossa história e fico livre a trabalhar outros quinhentos. Sinto repudio pelo jeito que tua voz canta no meu ouvido e me isolar de você correu a mente hoje. Penso em jogos chantagistas onde eu dito as regras, no entanto podem vim a me fazer mal e não quero retroceder ao sofrimento. Ignorar teu julgamento e seguir atendendo sem querer entender, sem tentar decifrar o sentimento por trás de suas palavras por mais que elas gritem que me odeiam.